domingo, 11 de outubro de 2015

HABITAT

Caio no covil, 
dou de caras com o lobo,
que susto,
que animal robusto!

Fico sem reação,
ele tipo bobo,
temo que seja vil,
esse animal,
Augusto!

(canis lupus)

Encadeia-me com seu olhar,
à frente do nariz,
não vejo palmo,
deixo de pensar,

feroz, parece feliz,
estará calmo?
Ai de mim,
que estou presa,

presa em seu ecossistema,
prevejo o fim.

Enorme é a beleza,
imenso o problema,
tento vislumbrar solução,
pôr-me na sua pele,

tento a sedução,
entender o seu papel,
mas para tamanho patife,
(hélas!)

não passo dum bife,
assumo-me uma isca,
nem tanto,
mera patanisca.

Todavia trato do assunto,
com delicadeza,
tento a diplomacia,
e para meu espanto,

com a devida distância,
e alguma frieza,
mete conversa comigo,
o lobo quer ser meu amigo,

criamos proximidade,
cada um no seu lugar,
sinto-me à vontade
(uf, la détente!),

começo a respirar,
será uma cara metade,
esse ser astuto?
Sim,

subsisto ao luto,
na força somos resistentes,
na trincheira
lado a lado,

sobreviventes
trilhamos caminho mútuo.


© Maria Clara C’Ovo, 2015.


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