sábado, 25 de julho de 2015

CONCERTINA

À toada do realejo
Há sons e silêncios
À manivela
Libertam-se notas, acordes, festa
Da imaginação do poeta
Piropos p’ràs moças à janela
À toada do realejo
Inventam-se outras poesias
Acertam-se passadas
Libertam-se ritmos e energias
Disseste coisas estouvadas
Alguns perderam manias
À toada do realejo
Descobri o meu amigo
Senti-te em sintonia
E correspondi-me contigo
Contei-te da minha alegria
Daquilo que aprendia
Ao som duma caixa de música
Na minha aldeia
O rapaz roubava um beijo
À garota mais pudica
À toada do realejo
À manivela
As flores ganhavam cor
Espantei-me com a tua ideia
Curei-me da minha dor
De quando ele olhava para ela.
Despeguei-me dessas tristezas
Despedi-me da minha rua
Da vida crua
Pelo sopro de uma harmónica
No coreto do meu jardim
Passei a gostar mais de mim
Criei enredos, poemas
Descobri o meu amor.
Vislumbrei filosofias
Entendi as harmonias.

Maria Clara C’Ovo

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